segunda-feira, abril 28, 2008

Cardápio

Hoje não quero mais culpa no meu cardápio. Ainda não aprendi a ser diferente de mim. Cresce um vazio no estômago cada vez que penso que não posso mais errar. Como lido com esta vontade de me desmanchar? Preciso de paciência para aceitar meus silêncios sem a vontade de sumir no mundo da palavra. Para onde vai a minha lágrima? Cai no seu peito e me faz ser uma rima sem morada. Adoro as pernas enroscadas. Não me deixa ir, quero ficar.

sábado, abril 26, 2008

Roda de conversa

Roda, roda... Quase sem manobra. O corpo parece uma promessa de quaresma. Flores do campo e a vida singela. Andar em roda pode dar a medida da demora. Cansaço e vontade de comer o mundo. Mordida ardida sem rumo. Para onde vai o sonho que ainda não lembrei?? Será que existe um redemoinho perdido em ti? Novamente me senti embebida. Como que saída de um lugar novo sem saúde nem guarida. Tateio no escuro este novo jeito de pertencer a mim mesma. Não encontro nada. Nem você e nem sua vida. É só a roda que gira, gira e gira. Leva a minha palavra e te encontra sem saliva.

sábado, abril 19, 2008

Acontecimentos

gostaria de escrever coisas que nunca aconteceram comigo... usar a imaginação como se fosse um espelho de possibilidades ilimitadas da minha existência... não sou assim... acabo sempre produzindo sobre aquilo que me acontece... tento nomear os acontecimentos... são só tentativas pois depois de colocá-las no papel, percebo que as palavras nunca conferem o mesmo tom da vida que me passa. para onde vou?? sempre me pergunto e ainda não sei a resposta... talvez nunca o saiba e isso é bom... me dá a sensação de liberdade que tanto procuro nos dias. hoje acordei com vontade de conhecer o mundo... quero começar conhecendo você... pode ser??

segunda-feira, abril 14, 2008

banho da vida

o melhor banho da vida. era assim que ela lembrava da sua noite. e não foi só a água e nem o sabão. foi o shampoo e a mão a limpar todas as suas sujeiras. ela saberia que nunca mais teria um banho daquele. nem na banheira com leite, mel e rosas. simulacro de um sonho antigo. o banheiro escuro e sem perfume. o chão liso e a mão segura. a vontade de virar espuma como o líquido que a invadia. sair pelo ralo. deixar de ser existência pela metade. poder olhar para cima e não ver apenas a miragem. dormir abraçada com a chuva forte e intermitente. sentir a proteção da água torrencial assim como no chuveiro. era muito forte para ela. talvez não conseguisse permanecer nem seguir em frente. precisava se sentar no chão frio e deixar a água cair nas suas costas. para depois acordar e seguir em frente... como sempre fazia quando se sentia invadida pela vida... era dela que fugia novamente...

segunda-feira, abril 07, 2008

Temporada dos Sonhos

Dei por encerrada a minha temporada de sonhos. Nada cresce agora no jardim. Um apavoramento torto me deixa inerte. Ando cambaleando e tateio no escuro. Estou a procura. Sonhos não mais me dão alegria. Mesmo os pretensamente felizes. Deixei de acreditar neles. Simples assim. Foi depois da toalha molhada do banho. Estou dando adeus a minha pele. Ela derrete, escama e me deixa crua. Nua espero. Sem pele e sem recheio. Só por inteiro. Quanto tempo você ainda demora? Deixa a toalha, deixe o banho. Entre em mim e faz uma festa do seu tamanho.