A vida...
Abri meu coração. Tirei tudo o que tinha dentro dele. Teias, artérias, veias e mofo. Olhei para dentro e vi que ainda tinha algo morto. Mas não era do meu próprio órgão. Era estranho e indiscreto. Quando tentei descobrir o que era, a coisa – por não saber do que se trata vou nomeá-la o mais genericamente possível – deu um pulo e um grito. Tudo ao mesmo tempo. E eu com o coração ainda aberto e a vendo se afastar. Pensei que pudesse ser algum ressentimento, afinal eles costumam mesmo serem coisas e gritarem e pularem, nunca sabendo muito bem para onde. Mas percebi que não. Não era algo vivo, nem tampouco palpável. Era apenas um bolo de carne com muito cabelo, alguns dentes e uma vaga idéia de imortalidade. Percebi que era mesmo um pedaço inacabado de mim. Quase como uma promessa de uma vida que não vingou. Um pedaço ensangüentando de perda e morte. Uma mera consciência ainda inerente do corte. Costurei meu coração novamente e deixei de perseguir o que o habitava. Agora sabia que a minha vida estava mesmo acompanhada da morte. E ambas de mãos dadas era o que mais importava, pois me dava a nítida impressão de que é preciso que mortes ocorram para que a vida possa ressurgir... que venha então a vida...
2 Comentários:
é seu ??? é novo ? é velho ? De qualquer forma ... é lindo !
é meu sim... e é novo e velho ao mesmo tempo... essa coisa de tempo é mesmo esquisito, né???
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