segunda-feira, agosto 21, 2006

Cartógrafa...

Fiz a cartografia do meu desejo. Reconheci a terra ao redor do teu cerco. Retirei a água que banhou seus pés. Percebi a árvore que te deu a sombra da seca. Andei mais. Atravessei estradas, riachos e montanhas. Tu não foste comigo. Ficaste parado na areia da praia deserta. Vi meus pés sangrando. Olhei as minhas mãos vazias. O contorno da minha mágoa me fez entender o tamanho da tua morada. Da sombra que te protegeu do sol. Tomei a água que me deu o encontro com a sede. Ouvi o grito do meu ventre que tocou o meu consorte. O olhar que deteve em mim o amor intermitente e forte. A vida em mim estagnada como se fosse uma simples demora. Reconstrui as linhas, te dei a cor do mapa da minha mina, reescrevi o segredo da nossa rima. Continuei a andar e ainda não encontrei o sinal da minha sina. Até agora só compreendi a solidão, quase como uma ladainha. Como se fosse um recorte em um sentido de morte, caminho que nós para sempre abandonamos no campo da irrestrita e inacabada sorte.

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