Diário
Primeira Página
Esta é a primeira página do meu diário. Parece até coisa de adolescente. Mas não é. É uma tentativa de escrever aquilo que eu ainda nem consigo imaginar. É o primeiro dia da minha consciente incompreensão. Exatamente neste momento percebo que não sei muito bem de que forma eu amo. Não sei se amo no outro o que reconheço em mim ou exatamente o contrário... se amo no outro o que não é meu, o que eu nunca serei, as coisas que eu nunca direi. Às vezes, me parece que o amor verdadeiramente não existe. Não da forma como eu o idealizei, não do jeito que eu sonhei. Sinto-me confusa e um pouco louca. Tenho medo mas suspiro lentamente e depois relaxo. Lembro que o mais louco é sempre aquele que finge não ter nenhum desses pensamentos estranhos. E me sinto normal. Estranhamente normal.
Tento lembrar da minha infância. As miragens são poucas. E muitas. Um vulto que me tira da brincadeira inocente de sentar na bola – ganha dias antes no parque de diversão – bem ao lado da mesa de jantar. Do quarto escuro que à noite parecia encolher e onde eu ensaiava uma “briga de testa” com a parede chamuscada que me deixou com calos depois dos treinamentos noturnos. Da hepatite, dos suspiros e dos desenhos animados entremeados com a alfabetização caseira. Da gruta cálida e calma do colégio de freiras. Do quintal da casa grande, dos livros e do jabuti que eu insistia em achar que era um cavalo. Da sensação de aconchego, de proteção e do medo do abandono. Das férias na praia, dos sorvetes e dos castelos de areia. Da onda que os destruía. Do sol que me manchava. Da vida que sem eu nem perceber passava, rápida, louca e calada.
Agora chega. Amanhã escrevo mais.
Tchau. Durma bem diário.
Esta é a primeira página do meu diário. Parece até coisa de adolescente. Mas não é. É uma tentativa de escrever aquilo que eu ainda nem consigo imaginar. É o primeiro dia da minha consciente incompreensão. Exatamente neste momento percebo que não sei muito bem de que forma eu amo. Não sei se amo no outro o que reconheço em mim ou exatamente o contrário... se amo no outro o que não é meu, o que eu nunca serei, as coisas que eu nunca direi. Às vezes, me parece que o amor verdadeiramente não existe. Não da forma como eu o idealizei, não do jeito que eu sonhei. Sinto-me confusa e um pouco louca. Tenho medo mas suspiro lentamente e depois relaxo. Lembro que o mais louco é sempre aquele que finge não ter nenhum desses pensamentos estranhos. E me sinto normal. Estranhamente normal.
Tento lembrar da minha infância. As miragens são poucas. E muitas. Um vulto que me tira da brincadeira inocente de sentar na bola – ganha dias antes no parque de diversão – bem ao lado da mesa de jantar. Do quarto escuro que à noite parecia encolher e onde eu ensaiava uma “briga de testa” com a parede chamuscada que me deixou com calos depois dos treinamentos noturnos. Da hepatite, dos suspiros e dos desenhos animados entremeados com a alfabetização caseira. Da gruta cálida e calma do colégio de freiras. Do quintal da casa grande, dos livros e do jabuti que eu insistia em achar que era um cavalo. Da sensação de aconchego, de proteção e do medo do abandono. Das férias na praia, dos sorvetes e dos castelos de areia. Da onda que os destruía. Do sol que me manchava. Da vida que sem eu nem perceber passava, rápida, louca e calada.
Agora chega. Amanhã escrevo mais.
Tchau. Durma bem diário.
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