segunda-feira, outubro 16, 2006

Palavras Soltas...

Mudei a cama. Troquei o lado. O travesseiro continua alado. O corpo cansado cochila e ainda nem sabe o que o tira. Os olhos abrem e nada vêem. Será o medo ou simplesmente o desdém? Estou cansada do meu olhar... fecho os olhos, ponho a mão por cima, exatamente quando vejo um filme de terror... milimetricamente calculado como numa dor. A luz entra pela fresta. É quase uma festa. Os ouvidos, cada vez mais sensíveis, ouvem tudo o que aconteceu lá fora. O cão que late, o carro que buzina, a vida que espuma e nem assim me abandona sozinha. Quero dormir... esquecer que o amanhã vem sem nem mesmo eu pedir, entregar para a noite a minha alma e o meu sorrir, fingir que não tenho medo de nem mesmo existir... ser apenas ilusão... da minha mão, do meu corpo e da minha inestimável e apagada solidão... pois se eu mesmo sumir, posso simplesmente fingir que nada vi... que nem sei quem você é e o que faz por aqui... posso fechar os olhos e imaginar que desisti do não sentir... porque o não ver e o ver tudo sempre é quase o mesmo arrependimento, de não saber trocar o olhar quando o chão e o mansidão não são mais os mesmos... dormir, sentir o frenesi... te esquecer de mim e nem lembrar de ti... é assim que sou, assim que desejo ser no futuro e assim que te vejo no beijo... confusa, inexistente e latente... me larga, me abraça e se rende... me encravo, me lavo e te enredo... calados para sempre... inconsistentes... frágeis... quase... quase inexistentes...

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial