quarta-feira, junho 21, 2006

Silêncio...

Agonia que me invade,
Quando as palavras perdem os sons,
As bocas parecem factóides,
Fantoches silenciosos,
Presos no meu encantado porão.

Não é sempre que isso acontece,
Mas ainda não sei como sucede,
Estranhamente, o som desaparece,
Apenas o movimento de falar,
Permanece.

Às vezes, sinto que é coisa interna,
Como se o meu ouvido,
Se desligasse do som externo,
Para atento ouvir,
O grito do silêncio eterno.

Outras, penso ser mesmo um mero defeito,
Como se a fisiologia pudesse explicar,
Meu ouvido insensato,
Cheio da escassez de tudo querer ouvir e escutar.

Ainda não descobri o correto,
Fico entre esses dois extremos,
Como se eles fossem as únicas opções,
Deste inevitável e incerto conserto.

Sinto o sincero desejo de te ouvir,
Sem som estéreo,
Apenas com a tua voz,
Mansa e doce,
A soar no infinito estéril,
O que nunca poderei ouvir,
Pela prisão do som,
Eternamente, só e cego.
A me dizer, o que não quero,
Não espero e desespero,
Na solidão do não sentir.
Sem nenhum esmero.

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