segunda-feira, julho 24, 2006

AINDA NOS FRAGMENTOS DA REALIDADE...

Terceiro ato – o improviso do sorriso.

E foi assim sem nenhum planejar que o sorriso surgiu na face dos dois. E foi neste encontro. Encontro tão claro e diferente que tornou qualquer sensação de atraso inaparente. Ainda não se sabe se tal encontro se deu neste mundo ou em alguma realidade paralela. Mas isso já não mais importava, eles haviam se achado, não importa nem aonde nem como, mas era como o final de um longo inverno de muito estrago.

Eles já tinham desistido de querer compreender. Só queriam sentir a vida a pulsar nos seus corações. Foi tanta dor que ambos sentiram que o simples fato de terem a alegria pulsando nas suas veias já bastava para eles.

Nem precisa ter outro amor. Diziam um pouco imprecisos, com medo de junto com amor, aquela grande dor os visitar novamente.

Era certo que ambos precisavam de algo ou alguém para acalentar a ausência e a carência de seus corações. E por isso se acostumaram a olhar para o lado para espiar possíveis candidatos para os postos ainda vazios.

Ele encontrou a música, ela a literatura. A arte trazia para as suas vidas a compreensão da inatingível arquitetura da emoção que rondava as essências de ambos, clara e pura. Corações raros e inexperientemente caros.


Às vezes, por momentos furtivos ou até mais precisos, alguém os seduzia. Mas a sensação de torpor era sempre diferente daquela primeira vez em que apesar de jovens e imprecisos se deixaram levar por seus corações, a errar indecisos nos porões da angústia e da inadvertida solidão.



Na verdade, ainda tinham muito receio da palidez da dor. Da incerteza do amor. Do improviso do sorriso que lhes apareceu naquele encontro, com frescor. Era tanto sentimento ainda escondido dentro do interior que precisariam de muitos encontros fortuitos como esse para dar vazão a toda aquela inexatidão do sentir do amor.

Deixaram de pensar nisso. Isso já haviam aprendido. Certamente não era o pensamento racional que lhes daria a resposta para aquela pergunta sempre altiva e constante. Como acontecera tudo aquilo, como tinham conseguido se perder por tanto tempo e depois terem se encontrado novamente sem nem mesmo perceberem o seu estado solitário do não pedir e não ter.

Isso apesar de estar cravado dentro dos dois, não mais rondavam as suas mentes e exercitaram a paciência de simplesmente viver, sem ansiedade ou planejamento aparente. Deixar a vida inaugurar a emoção, sem mais querer ensaiar controle ou solução.

Certamente haviam aprendido a viver gostando das suas imperfeições e perdoando os seus próprios erros. Para eles esse improviso era um tesouro sem valor. Sem sorte e sem dor. Calado o seu amor, ainda a pulsar na amplidão da enaltecida dor, há muito esquecida e guardada, sem nenhum pudor.

AMANHÃ ACABA...

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