domingo, julho 09, 2006

CONTINUANDO...

...AINDA NOS FRAGMENTOS DA MEMÓRIA DELE...


Segundo ato – Alternativas incorretas.

Essa era uma história que ele sempre se lembrava. Não saberia precisar se era porque a admirava ou a odiava. Às vezes estes dois sentimentos tão ambíguos e extremos se misturavam de tal forma em seu coração, que ele nem tinha entendimento, muito menos razão.

Toda semana havia um dia que ela saia mais cedo da faculdade. Geralmente era sempre o mesmo. Muitas vezes ela voltava. Outras não. Aquilo foi intrigando ele pouco a pouco. Bem quando começou a deixar de entendê-la, ele a confrontou. Perguntou – de forma franca e direta, sem jogos ou rodeios - o que ela fazia naqueles dias em que saía mais cedo. Demonstrou fartamente o seu ciúme e a sua incapacidade de lidar com as perdas. Ele já tinha tido tantas, mas isso ela ainda não sabia.

Ela riu e não resistiu à brincadeira. Talvez porque quisesse tornar aquele momento mais leve, talvez porque aquele tom jocoso pudesse atenuar a dificuldade que tinha de expressar seus sentimentos. Ou mesmo talvez – e esse era sempre o talvez mais dolorido e o mais freqüente nos pensamentos dele – ela o achasse banal, sem capacidade de entender a complexidade das suas emoções. O talvez que ele nunca pensou é que nem ela saberia compreendê-las naquele momento. Esse possivelmente era o talvez mais verdadeiro de todos e para ele era apenas um pensar inexistente.

O fato é que ela sorriu e disse para ele que o motivo de suas ausências era um jogo de tênis.
Escolheu um jogo que realmente não combinava com ela, ele pensou. Uma bolinha a ir eternamente de um lado para outro da quadra.

Mesmo achando um pouco estranho, a sua franqueza o impediu de reconhecer a brincadeira. Ele suspirou aliviado por perceber que não havia outra pessoa no jogo. Era simplesmente uma bola.

Foi somente quando ela desatou a rir e confessou a molecagem que ele ficou com todas as alternativas possivelmente corretas a lhe explicar a razão do humor dela diante da possível visita da dor no coração sensível dele. Foi o início da incompreensão dele.

Mas foi conforme a sua incompreensão foi crescendo que a mais incorreta e provável das alternativas foi se tornando a única possível. Ela o achava banal. Era mesmo só um jogo, pensou afinal.

CONTINUA...

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Tá certo, mais memórias dele, acho q eu fui muito apressado pedindo as dela.
Enfim... dele, dela, de quem for, desde que você continue publicando. ;-)

3:15 PM  

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