segunda-feira, julho 31, 2006

Para variar... hoje uma poesia... cheia da chuva do Rio...

FOTO IRA

O contraste da luz,
O negro e o branco,
O tom do som que conduz,
A visão ao meu olhar insano.

O fogo salta dos olhos,
Dá ao papel a aparência de vida,
Faz dos adornos das imagens,
A única mensagem que me cativa.

Para tanto fogo,
É preciso água,
Daquela que mata a sede, sem encontro,
Ao deixar a paisagem antes viva,
Se tornar movimento preso no contorno.

Apesar de contidos,
Os esboços vibram, pulsam,
Denunciam a ira,
Quase explodindo na fotografia,
Sem nem mesmo calar,
O beijo no pé, a andar descontínuo na via.

Séries desconexas,
Meros entornos dançantes,
Aparência de hesitantes,
Ao grito cortante,
Incompreendido na agonia,
Aparentemente inconstante.

Sombras que falam,
Com vozes e cabeças disformes,
Encontram no meu sentir,
A identidade da falta do que os consome.

A dor de ser branco, de ser negro,
De ser humano sem apreço,
E mesmo assim,
Carregar o grito contido,
Nas mãos que simulam um improviso,
Nas bocas que desenham um beijo perdido,
Entre o olhar e o sentir,
Mas sem encontrar o verdadeiro compartilhar,
Ao simplesmente tentar se unir.

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