melhor parte...

me sinto nova. o mofo, as veias enclausuradas e as sinapses perdidas foram embora. reencontrei o beijo e a pele suave. sem medo. num repente, as músicas novas me dão a vontade de ver as palavras. inventar rimas em sintonia. lembrar dos encontros já feitos. do toque e da melodia fina da voz da sinfonia. perceber que o que tanto procurei no olhar do outro era simplesmente o que eu queria encontrar dentro de mim. dei um brinde a esse encontro. estou feliz por estar enfim com a minha melhor parte.

Ponto

estou na última queda. procuro o ar para pular e não o encontro. quero ir para sempre para o seu lado e não consigo te ver. procuro o aconchego e só vejo essa vida indo embora. quase sem dizer adeus. um novo ciclo se inicia. sensação de repetição como uma ladainha. é preciso inaugurar um novo olhar. uma emoção. um lugar. vou embora e me vejo apenas na sombra da janela. desenho do contorno do meu desejo. língua perdida no beijo. vontade de desistir de tudo para que algo aconteça. veja e me deixa longe. talvez... simples assim, eu finalmente te esqueça...

Desmanche

queria estar menos inacabada. a minha massa corrida ainda não secou. cansou e resolveu descansar um pouco. o meu corpo precisa de rejunte. calada e cansada. vontade de tudo acabar. preciso me despedir e nem sei como. olho para o seu vazio e só vejo as luzes na noite. aquela sequência do arco-íris. tento te entender por entre o corredor do ônibus e choro olhando a chuva na tua janela. cada quarto com o seu encanto. meus livros espalhados por ti, nos cantos. a cor das tuas paredes, teu cheiro e teu aconchego. como fico sem ti? talvez eu me junte... talvez eu me desmonte...

Piso

Sei o não saber
Não insisto
Nem desisto
O meu jeito de continuar
É andar no risco

Vejo a lua
E o teu riso
A minha mão espalmada
E o coringa sem sorriso

Viajo no seu pensamento
E nem mesmo acredito
Basta fechar os olhos e abrir as mãos
Quem sabe
Você cai
E eu piso...